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A crônica da empresa na privada

junho 13, 2008

Era uma vez uma empresa normal, com baias normais e pessoas (não tão normais assim) trabalhando normalmente. Os auxiliares como sempre acostumados a dizer  que seus respectivos chefes estavam em reuniões, o que não era mentira, até parecia chique, por isso que os auxiliares sempre sonhavam em virar chefes, além disso  a sala de reuniões era uma sala onde ouvia-se altas gargalhadas, logo, o salário devia ser bom, e a felicidade até que existia daquele lado, já que nas baias dos auxiliares não existia felicidade, porque quando seus respectivos chefes não estavam por perto, e eles poderiam tentar se divertir acessando uns vídeos como o You Tube, não conseguiam porque este era bloqueado, aliás não só este, mas todos os sites que poderiam divertir qualquer ser humano que ganhe poucos salários mínimos. Por isso que a sala de gargalhadas era o sonho de qualquer “SER” que trabalhasse em uma baia.

Um dia um dos auxiliares, o Mula Manca, aquele cara que sempre levava os relatórios, as broncas e o cliente pé no saco para almoçar, foi convocado para uma viagem com todos os chefes, uma reunião super secreta.

Mula Manca, ficou uma semana sem pensar em mulher (coisa que ele fazia sempre, afinal não tinha sorte com elas) e focou nos relatórios, finalmente iria fazer parte do grupo da gargalhada, pensava ele já que todos gostariam de saber qual era o motivo de tanta felicidade nas salas de reuniões.

Zé Ramela, colega de baia de Mula Manca o achou estranho, pois não reclamava mais da empresa, coisa que fazia todo dia por volta das 10h30 da manhã, quando via o chefe chegar sem sono, com a cara boa, Mula achava injusto.

Diálogo:

Zé Ramela: Mulinha, você já viu a nova estagiária que a Incrível ZORRA contratou? Pelamor, agora sim hein Mulinha, acertaram na estagiária, já veio com dois grandes conteúdos.

Mula Manca: Zé não tenho tempo, to atarefado, nem vi esta menina.

Zé Ramela: Mulinha, você ouviu bem quando disse GRANDES CONTEÚDOS? E dois ainda? Acabou a seca, chega de mulher com duas azeitoninhas, a empresa tá mudando cara! Olha o naipe, só modelo! Nossa cara, tomara que me deixem treiná-la!”

Mula Manca: Caraca Zé, tua mulher ainda está fazendo aquelas paradas que o ginecologista mandou, de ficar um mês na base da pomada? Tu tá muito fogueteiro, vai dar uma aliviada lá na Lurde Jipão da área de vendas. Ela tá sempre a fim.

Zé Ramela: Mulinha, tu tá muito boiola, to falando de melãozinho doce e tu me vem falar de dois ovos fritos, ah vá se danar! E outra, quem te deu ordem pra falar da minha mulher, o ginecologista dela sabe das coisas rapah, tadinha da minha mulé tá sofrendo e doidinha por mim HEHE.

Mula Manca olha de soslaio e diz: AHAM .. O ginecologista deve saber de muitas coisas que você não sabe mesmo, mas agora não tenho tempo pra te explicar. Ah, você vai sentir falta de mim, vou viajar, mas não posso entrar em detalhes é segredo.

Zé Ramela: Pô, Mula até que enfim resolveu operar a hemorróidis, ninguém queria sentar perto de tu com medo de pegar essas paradas ai, cara! Quanto tempo vai ficar fora?

Mula manca dá um sorriso tímido e fala: Se diz HEMORROIDA, jegue! Se liga baitola, não posso falar porque é sobre negócios.

Zé Ramela: Ah eu sei, sobre o teu negócio! Hahaha

Mula Manca: Vai rindo, vai rindo, me deixa trabalhar caramba!

 

Zé Ramela coloca o fone de ouvido e volta a trabalhar.

 

Uma semana depois, a tão esperada viagem. Todos no Aeroporto Estrumbica, rumo a filial de Perdidos. Mula Manca sem pensar duas vezes coloca as malas no carrinho inclusive as malas de Tartaruga Michelangelo, o diretor da empresa, num momento bem, estica e puxa  saco de chefe.

Todos conversam, exceto Mula Manca que está com meio metro de língua para fora, o carrinho de bagagens está pesado e novamente só consegue ouvir as gargalhadas daquele grupo seleto, e já imagina que fará parte daquilo tudo em breve, mas por enquanto sofre, tem dores pelo corpo e só consegue pensar num bom café para amarelar ainda mais os dentes.

Enquanto isso no avião:

Todos sentados, esperando um último passageiro. Advinhem quem? Claro, Mula Manca, que ficou preso na fila do check in. Lá vinha ele correndo imaginando com qual dos seletos chefes iria passar algumas horas expondo suas idéias curtidas já há tantos anos. Mula chega, novamente com meio palmo de língua pra fora, e seu chefe direto, o Papai Smurff olha com cara feia e resmunga alguma coisa parecida com “tinha que ser!”.

Mula, já cabisbaixo pára na primeira classe quando ouve a comissária de bordo com cara de quem menstruou e não comprou absorvente chamando-o para a classe econômica. Decepcionado ele caminha até sua poltrona esperando sentar ao lado de alguma estudante gatinha e quando vê, é uma senhora que de estudante só tem as lembranças e de gatinha só sobrou o bigode! Azar, só pode ser azar!

Quarenta minutos de vôo, muita turbulência, muita chuva, o piloto avisa que estão sobrevoando uma zona cega, a senhora agarra-se a Mula, a classe econômica se agita e a primeira classe pede logo o uísque. Mais turbulência, todos ouvem que o avião vai cair, e aí começa a gritaria e algumas pessoas começam a se levantar para desabafar …

Sabem quem começa a falar? ….

 

Leiam neste mesmo canal, no mesmo bat horário o próximo capitulo de “A crônica da empresa na privada J

Por Ane Lima